segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Veneno


"How do you measure a year?"

     Já era tarde demais. Aquele maldito veneno chamado querer já percorria as minhas veias, se espalhava pelo meu corpo e me matava lentamente a medida que a vontade crescia. Controlava o meu corpo e me desnorteava, me tendo cada vez mais e mais. Eu desejei morrer pra não precisar deixar você sentir aquele gosto de vitória que você tinha nos seus lábios. Como se não pudesse sentir outra coisa além daquele seu desprezo que não me servia pra nada. E aquele gosto de vitória que você parecia ter quando eu ficava mal e dizia que te queria. Que te amava. Que te queria inteirinho só pra mim.
     Eu desejei morrer. Todo aquele veneno nas minhas veias tomando conta do meu corpo lentamente, e você lá do outro lado e bem de longe fingindo que não ligava, não se importava e que nem sabia o que era amor. Eu definitivamente desejo me matar, mas não encontro nenhum orifício que crie a mesma dor insana além das palavras que você me disse naquele dia. Eu não quero, eu não posso, eu não consigo. Continuar sentindo esse veneno nas minhas veias e lembrar aquela noite sem poder fazer nada. Me consumia, me deixava sem ar. Doía e me deixava num desespero sem tamanho, num caminho sem fim.
      Do canto dos meus olhos aquele abismo entre vocês dois e eu, me chamava. Como se eu já não pudesse mais lutar contra isso, como se eu ainda quisesse negar pra mim mesmo que você estava com o meu coração entre os dedos e eu estava só sangrando e sobrando. Eu corri. Pra parar de doer todo aquele veneno no meu corpo, me dizendo coisas que já mais ninguém vai escutar. Aquelas palavras que se multavam pra cada pessoa, era um ácido que corroía os meus tímpanos tão agradável quanto uma musica clássica. Era insana aquela vontade de rasgar a pele, pra ver o sangue contaminado escorrer e ver se você nota. Se você faz alguma coisa. Se você me beija e larga a mão dele. Mas eu não me cortei. Eu não me matei. Eu só sai correndo. E nem assim, correndo, parava. Não parava nunca, e não ia parar.
    O veneno estava no meu corpo e você nos meus olhos. Diante de mim, me vendo cair com um sorriso falso na cara e uma garrafa na mão direita, porque era só bêbado que você conseguia não pensar em mim. Enquanto eu caia e deixava de dizer, eu ouvi o meu coração gritar e o meu próprio sangue secar. Como se eu tivesse muita escolha, eu voltei. E fiquei de longe vendo vocês dois. Doía demais. E ainda dói. E pra sempre, vai doer.

*pra voce que não vai ler isso e nem faz ideia do quanto doí.

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