domingo, 27 de maio de 2012

Literatura dos Sonhos da Pequena Menina.


Ninguém sabia por que aquela menina chorava tanto, mas todos que lhe olhavam subjugavam como algum problema amoroso, alguma dor de um machucado da véspera, alguma cólica. Todos olhavam, todos achavam a mesma coisa e todos mal sabiam que, aquela pequena menina vivia no mundo dos sonhos. Ela chorava porque havia crescido e não poderia voltar mais lá, nem se esconder de baixo da cama quando os adultos começavam a gritar com ela. O problema era que ela encontrou nos livros outro refugio, uma saída para outro mundo que ia muito além das palavras e das páginas, vinha encher-lhe os olhos de lágrimas, fazer rir ou chorar, se sentir muito bem por um final feliz. Era tão bom que exaltava de felicidade, ela queria pular o tempo todo depois de uma história bem escrita do século passado. Era a Literatura que ela não podia deixar de lado, mas todas as pessoas te empunham um novo caminho. Seus pais sonhavam com alguém diferente dela, e era por isso que ela chorava. As lágrimas eram de desespero de carinho, amor e afeto, e também alguém para parar de dizer a todos aqueles sonhos que já não cabiam no coração de tão imensos e compridos.
A menina chorava por não ter ninguém a te dar a mão. Chorava o tempo todo por todas as pessoas rindo dos seus sonhos e colocando o capitalismo e independência contra as suas argumentações. Mas sonhos, são sonhos. E ela sabia que ninguém como o final de uma história escrita no século dezoito podia mudar a sua vida, como fazia o seu dia ficar melhor depois de algumas páginas lidas. A menina entendia o porquê de toda a aquela raiva do mundo, poderia até ser que houvesse algum motivo que explicasse, mas não queria ouvir, era muito pouco para justificar outro caminho que não fosse o dos seus sonhos.

Bruna Ferrari

domingo, 20 de maio de 2012

Seus Dedos e Seus Olhos


Eu queria que a vida parasse mais dois segundos, porque eu ainda tinha os dedos na minha pele e pelo resto do corpo. As mãos geladas, os dedos frios, o corpo quente de todas as manhas de quadro blusas, de todas as tardes sem nenhuma, de todos os jeitos por entre os meus braços. Eu te queria assim, um pouco mais de perto e mais intenso, um pouco mais meu e menos deles. Todas as noites eu voltava para o começo da história e cheirava o meu uniforme ainda com o seu cheiro, mordia meus pulsos e procurava os seus dedos dentro da minha camisa, mas eu não encontrava nada; eu não encontraria. Você já estava do outro lado da cidade, e eu aqui querendo um pouco mais de você.  Só que eu sentia mais medo de você do que eu sentia do frio, ou do escuro. Então eu me encolhia em um canto e esperava você olhar para mim e sorrir como se fosse um sinal para eu chegar mais perto. Um aviso prévio que você estava precisando de mim, de que não havia ninguém olhando e de que eu podia te abraçar. Um dia desses, eu senti mais frio o que normal, eu não conseguia entender o jeito que você se afastava de mim, eu não entendi porque estava tão frio e tão escuro. Você não olhava pra mim, você não me dava o sinal que eu esperava. Eu esperei até o dia amanhecer, e ele amanheceu como das outras vezes, mas dessa vez, você era mais deles e menos meu.

Bruna Ferrari

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fala...


Só de falar, deu vontade de ouvir
aquela respiração que eu sentia toda a noite
e suas palavras me pedindo pra ficar.
Eu indo embora e você indo se perder
nos braços, nos beijos, de outro alguém
que eu também não sabia como entender. 


Mas eu me encontrava na lua
e no meio das cobertas com o seu cheiro
que não saia da minha cabeça,porque eu também gritava o seu nome
do outro lado da cidade
e falava o tempo inteiro
que eu te queria em presente continuo
em passados desconjugado
em futuro idealizado.




Bruna Ferrari

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Três Anos de Realidade


           A única coisa que eu tinha certeza era que eu gostava dela pelo o que ela era. Até mesmo os defeitos, o que fazia o meu amor ser maior do que os demais namorados que ela poderia ter, ou que já teve. Não, eu não sou ninguém especial o suficiente pra dizer que estar comigo vai fazer alguma diferença, porque não vai. Foi a ser realista que eu aprendi durante todo o nosso tempo juntos. Nós discutimos de monte, e não posso dizer que era de todo ruim. Era necessário, é tudo o que posso dizer. Isso me mantinha um pouco mais ligada em nós, de fato, a sensação de não estar namorando uma parede – desta vez – me agradava mais do que pensar nos problemas que poderiam surgir depois de uma não tão agradável discussão. Ela era orgulhosa ao extremo, mesmo quando eu estava certa, esperava as minhas ligações pedindo desculpas e depois das minhas se redimia com as suas e milhares de perdoes sinceros. Eu sentia orgasmos múltiplos, e me jogava num prazer novo que me enchia o peito de outra coisa. Talvez porque fosse diferente dessa vez, era mais que amor. Um amor que o mundo ainda estava por conhecer, mas que vinha crescendo... Ela não me ligava, era racional e realista, às vezes, um pouco cruel. Mas ela não me ligava pra me fazer me sentir melhor, e não ligaria. Agora eu vejo, e agradeço pelas noites que passei na angustia desesperada de saber se estaria bem ou não, porque sinto que me fiz, mas independente nas coisas que realmente quero. Muito mais seletiva. E essa sensação, é melhor do sentir todo o universo de lindas emoções alheias pelo corpo, é melhor até mesmo, do que estar amando.


Bruna Ferrari