Ninguém
sabia por que aquela menina chorava tanto, mas todos que lhe olhavam subjugavam
como algum problema amoroso, alguma dor de um machucado da véspera, alguma cólica.
Todos olhavam, todos achavam a mesma coisa e todos mal sabiam que, aquela
pequena menina vivia no mundo dos sonhos. Ela chorava porque havia crescido e
não poderia voltar mais lá, nem se esconder de baixo da cama quando os adultos
começavam a gritar com ela. O problema era que ela encontrou nos livros outro
refugio, uma saída para outro mundo que ia muito além das palavras e das
páginas, vinha encher-lhe os olhos de lágrimas, fazer rir ou chorar, se sentir
muito bem por um final feliz. Era tão bom que exaltava de felicidade, ela
queria pular o tempo todo depois de uma história bem escrita do século passado.
Era a Literatura que ela não podia deixar de lado, mas todas as pessoas te
empunham um novo caminho. Seus pais sonhavam com alguém diferente dela, e era
por isso que ela chorava. As lágrimas eram de desespero de carinho, amor e afeto,
e também alguém para parar de dizer a todos aqueles sonhos que já não cabiam no
coração de tão imensos e compridos.
A
menina chorava por não ter ninguém a te dar a mão. Chorava o tempo todo por
todas as pessoas rindo dos seus sonhos e colocando o capitalismo e independência
contra as suas argumentações. Mas sonhos, são sonhos. E ela sabia que ninguém como
o final de uma história escrita no século dezoito podia mudar a sua vida, como
fazia o seu dia ficar melhor depois de algumas páginas lidas. A menina entendia
o porquê de toda a aquela raiva do mundo, poderia até ser que houvesse algum
motivo que explicasse, mas não queria ouvir, era muito pouco para justificar
outro caminho que não fosse o dos seus sonhos.
Bruna
Ferrari