"Will you ever change?
The way that you fiddle and you rearrange
The little pieces of your life you keep
So close to your chest
I know you care"
trilha sonora oficial: http://www.youtube.com/watch?v=rECTcs937ho
Outra vez, você estava do meu lado
como se fosse pra sempre, e mesmo com todos os nossos combinados, eu ainda
pensava uma ou três vezes antes de dizer pra você que eu gostava de tudo
aquilo, que talvez eu quisesse repetir a doze e sentir um monte de coisa de
quando você me diz que me quer, que gostava de mim “pra caralho”. Acho que mais
uma vez eu considerava todos os nossos combinados porque eu sou nova demais,
porque eu não presto – é o que dizem – e porque o mundo do seu lado parecia
mais feliz.
Só que aí você ia falar sobre aquilo
de novo, e eu ia me sentir errada e não iria entender qual era o meu papel na
história da sua vida. Eu iria me sentir sem papel nenhum. Às vezes, até parecia
que você não entendia as coisas que eu sempre te disse sobre não conseguir
aceitar o que quer eu fosse, sobre não entender porque as pessoas se
preocupavam tanto em olhar nos meus olhos e não dizer nada. “Você é legal,
muito legal. Você é bonita, é simpática, é comunicativa, é confiável” e mesmo
assim nada disso parecia ser um motivo forte o suficiente para que as coisas
continuassem. De alguma forma, eu me sentia errada e deslocada, como se
estivesse tirando o seu futuro perfeito fora do eixo, e mexendo com a sua
cabeça sem parar, só pelo fato de que é tão bom pensar que você pensa em mim
também.
Enfim, eu era esse mínimo de pessoa
que alguém pode ser, e que abandonava as pessoas quando elas davam trabalho
demais e eu não tinha paciência o suficiente pra aguentar o drama aquariano,
leonino, escorpiano, virginiano, capricorniano. Enfim, eu era essa pessoa
enrustida, que as pessoas riam das coisas que eu fazia tentando superar o que
eu também havia mais sofrido na vida. Sempre considerei que o sofrimento de
cada um fosse proporcional a idade, mas eu tinha reconhecer que mesmo com a
idade que você tinha, você era demais. Você sempre foi. Acho que você sempre
será. Mesmo sem querer, eu já até tinha pensado no dia que estaríamos a sós, e você
iria soltar todos aqueles dramas dignos do seu signo. Eu me aproveitaria da
ideia, te pedia desculpas depois, a vida seguiria ao normal.
Só que eu continuei travada apesar
dos enfins, e percebi que, talvez, na sua vida exista um espaço muito grande
pras outras coisas que eu não consigo mais considerar. Eu sempre tive medo de
conhecer que eu gostava tanto de alguém assim, por isso, eu evitava te dizer as
coisas que sentia, que ainda sinto, aliás. Era evitar a barra pra você, tinha
um traço heroico nisso tudo até você me ligar, até você estar perto de mim, até
eu me perder em você, e até você sem querer dizer que não – por uma coisa tão mínima.
Eu lidava com todas as outras coisas, menos a ultima; mesmo sem querer era difícil
demais pra mim, era pensar que tudo poderia voltar, era pensar que você tinha a
chance de ir embora a qualquer momento sem ao menos me dizer que voltava, ou
pra onde ia, ou que tinha adorado estar na minha companhia.
Eu prefiro você assim, sabe? Prefiro
que você continue sendo essa “metamorfose ambulante”, ao ser mais um desses hipócritas
espalhados pela rua. Eu nunca vou ter coragem de te dizer “para, eu to me
magoando com você desse jeito”, porque eu sei que ter você é mais importante do
que todas essas coisas que me magoam. Acho que ter você, beijar você, ter o seu
cheiro pela minha roupa é mais importante do que me preocupar se eu poderia ou
não te abraçar naquele momento. Eu acho que ter você comigo é uma das coisas
mais importantes do mundo, e eu gostava disso, mesmo sendo pela metade, mesmo sendo
mais ou menos, eu gostava disso... Mais que Indie, mais que vodca.
Bruna Ferrari