quinta-feira, 22 de março de 2012

Chuvas de Março

Eu deixei de viver no que dia decidi parar de pensar em você. A única coisa que me fazia olhar para o lado na escuridão, e fazer brilhar uma luz no meio do nada sem sentido. Continuo a beira-mar das minhas emoções, espero pelos dias que não viram; dias que se passam ao seu lado, mas que não reconheço como seus olhos - tão longes. Era possível acreditar numa história se houvesse uma. Mas não há. Não há história, não há outro amor, não há outros olhos que não os seus para me consolar nas noites de chuvas de março. De Janeiro a Dezembro. Nenhuma coisa nova para me fazer piscar os olhos de tanta luz do outro lado de lugar nenhum. Contos de fadas inacabáveis, e sem um fim. Parem de me procurar pelos cantos de todos os anos. Parem de me atormentar por todas as noites. Esqueçam-me. Procure outra razão de existência, porque há anos eu escrevi sobre o meu amor por esses olhos castanhos que já não me conhecem mais na rua. Ignoram-me, aniquilam-me, matam-me. Com uma vontade enorme, não me fazem dormir também. Não me deixam em qualquer lugar. Só que eu parei de pensar em você, como parei de pensar em tentar resolver os problemas do mundo e da minha vida. Eu parei para beber um pouco da agua que cai de lá do céu, sentir o gosto amargo que faz parte do meu corpo apenas porque tenho mais alguns anos do que quando você me conheceu. Quero admitir, não conheço mais o anjo que me dava boa noite todas as noites. Eu não o conheço. Eu não quero mais seus olhos. Eu não quero o que você tem para me dar – você nunca teve nada para me dar, só que eu sempre que quis de você mais que o mundo.
Esquece, apaga, renegas teu amor por mim. Só me deixe dormir por um instante, eu sei que você é capaz de tirar todos os pesadelos que eu tenho a noite. Minhas ideias são confusas, e minhas redações são piores do que desistir do meu sonho de tantos anos de literatura. É pior do que acordar todos as madrugadas, olhar para escuridão e não ver aquele brilho que vinha de algum lugar. Agora, eu sei. O que devo fazer é mais do que você tem para me dar, eu nunca vou poder contar com você de noite. De novo, nem com seu par de olhos me observando enquanto como, durmo, e estudo. Jogar-te-ei algumas estrelas daqui mesmo, e um pouco da agua que eu não conseguir beber enquanto chove. Porque é Março, porque vem mais chuva por aí e você não continua tão lindo como sempre.
Bruna Ferrari

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pra-sempres que Sempre Acabam

Hoje eu achei que havia te esquecido, que seu rosto já não viria bagunçar a minha cabeça. As minhas lágrimas já se acostumavam a secar de pressa sempre que eu caia no chão, desesperada gritando o seu nome sem saber o que sentir. Mas sempre e de novo, eu voltava naquela história com o seu nome de alguns anos atrás. Voltava no capitulo que eu mais gostava, repassavam na minha cabeça as mesmas palavras sempre me perguntando onde estava todo aquele amor que nos tínhamos, onde estariam agora os para-sempres prometidos? Ainda que eu não voltasse no tempo e parasse de repassar os erros, o nosso destino é este, e é tão certo que eu não te teria agora se fizesse tudo certo. Eu não te teria para sempre. A lua continuaria ficando um pouco mais triste toda a vez que eu choro. Por vezes, eu sinto como se estivesse morrendo por dentro; quase sempre eu tenho a certeza de que estou, de fato, até perceber que eu não posso me mudar, eu não posso voltar atrás, eu não conseguiria fazer diferente com mil chances, mas que o caminho é longo demais. Sempre tem mais alguma coisa por acontecer que iria te tirar de mim – outra vez.
Desse jeito, sem poder me mudar. Conformada com a realidade do mundo e com o frio que não passa lá fora, eu me apego a partes vizinhas, a sentimentos semelhantes que me façam esquecer você, a realidades quase verdadeiras da coleção de não-amores que eu tenho de monte. Procuro em outros olhos, os castanhos dos seus, sem perceber o que eu estava realmente procurando era que você estivesse em outros corpos para estar do meu lado. Eu me apegaria a imagens refletidas no espelho, irreais. Assim como toda a minha vida, num conto de fadas, eu jamais haveria de te perder. Eu jamais te magoaria, e no final do dia, o encanto não passaria, eu te teria todas as noites na minha e comigo para me falar sobre a vida. Para me ter uma noite, as próximas e para sempre.

Bruna Ferrari