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Usarei este meu breve momento pra falar sobre coisas
tristes, numa noite triste, num dia triste, sobre uma pessoa triste. Sim, essa
pessoa sou eu. E nossa, vão dizer que sou depressiva, ou que sofro de algum mal
no coração que ninguém entende. Bem, já começo dizendo que não é porque sinto
que sofro agora, que acho que meu sofrimento seja único e eterno. Ele é
duradouro, mas eu sou bem paciente, sabe? Até espero a tinta secar pra pintar
de um jeito bonito por cima e a arte do quadro ficar incrível, depois saio
correndo pra ir te mostrar só pra você dizer: “Muito bem! Olha como ela é uma
boa garota e é ótima desenhando!”.
Sou um pouco ansiosa... Borro a maquiagem, mordo os lábios,
tiro esmaltes, faço batuque em tudo e em qualquer lugar pra passar o tempo. Ou
canto, quando dá e quando não me mandam calar a boca. E aqui, agora, dentro do
meu quarto, eu escrevo bastante no pensamento. Escrevo pras pessoas que amo de
verdade. Aquele amor que a gente sente e nem precisa explicar o porquê... É, se
eu escrevi um texto sobre você, ou se por relance ou coincidência eu te cito
nele. Sinta-se importante. Isso não é pra qualquer, isso não é qualquer um que
consegue (apesar de muitas vezes parecer). Eu falo demais, já falaram disso
comigo, até disseram que não se importam (por educação, é claro). E agora,
depois daquelas palavras todas cuspidas na minha cara, eu tinha travado a minha
língua. Perdi minha comunicação, meu radar, meu ponto de equilíbrio. Perdi tudo
o que me deixava em paz. Bati com a cabeça num poste e está bem difícil de
conseguir acordar...
Bolei alguns planos pra conseguir minha língua de
volta, e alguns outros sobre como eu deixaria esse mundo pra trás. Muitas vezes
quando eu tomo coragem o suficiente de acabar com tudo um pouco antes do que eu
tenho planejado por anos, eu penso na quantidade de pessoas legais que eu iria
decepcionar... Não são muitas. Conto três. Não, minto. São quatro. Não é uma
quantidade significativa pra muita gente, e pra mim, elas representam o mundo.
Vocês podem me achar ingrata ou o que quiserem e eu digo: o blog é meu, o texto
é meu, e eu escrevo o que eu quiser.
Estou um pouco cheia de dormir na minha cama... Eu me
reviro pra todos os cantos, sinto que ela não é minha. Nunca foi. E vou pro
chão... E o chão também não é meu. E aí eu recolho os meus cobertores, e os
cobertores também não são meus. Parece egoísta, mas eu gostaria muito de ter
coisas que eu pudesse chamar de minha. Eu até tenho, pra não deixar esse texto
um drama maior do que está sendo, mas parece que nada é o suficiente. Sempre
tive essa crise. O que vão pensar de mim se eu não for o suficiente? Será que
vão embora quando estar comigo não for o suficiente como aconteceu da outra
vez? Será que algum dia eu vou ter algo que é suficientemente meu? Será? Será?
Será? Não sei. Vou passar a vida inteira nesse impasse, mas desta vez, eu
resolvi me atirar no mundo com tudo. Eu já perdi minha língua, minha paciência,
minha dignidade, minhas coisas e minha vida há muito tempo atrás. Talvez, eu
não tenho nada mais a perder agora que minha língua também se foi, meus textos
também se foram, e pareço afundar num buraco literário sem fim. Estou a cada
dia que passa pior, mas não mais magra. E nem pra emagrecer ser pior ajuda.
Essa vida está do cão, está demais cansativa pra mim.
Chegou ao ápice da merda toda, e eu só estou esperando o momento certo de dar
certo. Não, nem isso mais estou esperando, eu perdi as expectativa sobre mim,
sobre vida, sobre o mundo e tudo o que eu tenho. Talvez eu só esteja esperando
tomar umas cervejas ao invés de sempre tomar no cu no fim do dia.