“É uma história triste. Talvez a história mais triste.”
Outro dia me peguei olhando para as estrelas. Para as
pontas dos dedos, para mim, para você, para o seu cabelo, para o jeito como você
sorria. Outro dia eu fiquei pensando que talvez nada mais fosse possível, que
aquele momento seria único ainda que acontecesse mais uma vez. Como se você estivesse
sempre por perto e nunca mais fosse me deixar, eu continuava do seu lado, num
espaço de tempo descritível. Eu jamais seria capaz de entender a imensidade de
um mundo tão pequeno. Pequeno, em termos de palavra e de verdade. Muitas vezes,
eu chego a acreditar que a verdade que me contam na escola é exatamente aquela
que eu não ouvir, talvez eu não queira mesmo saber de todas aquelas coisas e
continuar parada aqui pensando em você. E eu pensava tanto que extravasava pela
boca e por onde você pudesse imaginar. Como se o tempo fosse imenso – como se
não houvesse tempo nenhum.
Acho que era isso, transbordava tanto e eu não sabia
como lidar. Eu não sabia mais como acreditar, não sabia no que acreditar, não
sabia o que fazer; correr sabe lá para onde, mudar de mundo, de lugar e não
mudar nada porque eu tenho medo, eu assumo essa responsabilidade, mas eu não
sei se é medo e na verdade, eu não sei o que é. Nem sei se é verdade. Eu não
sei o que eu estou dizendo. Eu só fecho os olhos e falo tudo como se não tivesse
como segurar. E aí acontece isso que todo mundo tá vendo, eu perco os sentidos.
Sinto vontade de chorar e gritar ao mesmo tempo, mas ninguém me ouve, ninguém entende,
e eu não consigo explicar essa vontade imensa que eu tenho de viver o “para
sempre”. Para sempre, com você, com o mundo, com as coisas que eu gosto, com as
coisas que eu quero para nunca mais pensar em deixar nada, nem ter que fazer
escolhas sobre o que eu faço primeiro. Eu quero em mim todas as coisas que eu
gosto naquele espaço de tempo que eu determinar. Todas as coisas que eu sei
hoje são por pessoas que fazem parte disso, desse tempo, dessa rotina e desse
fim (igual para todo mundo) e eu simplesmente não viveria nada que fosse
especial o suficiente, ou que compensasse todas as coisas que por fim eu vou
virar. Pó.
Bruna Ferrari