Sempre
foi simplesmente, e de verdade, era. Sei lá, tão simples. Tão simples. Só
atravessar uma porta, gritar com o mundo, ou até mesmo tentar entender as
pessoas. Argumentar, discutir, provar o certo e o errado e provar o que você
acredita. Pra você mesmo, apenas. De alguma forma, eu não sabia no que eu havia
me tornado, nem porque havia tantos problemas na minha cabeça. Eu não sabia do
que mais eu gostava quando tomavam decisões pra mim. Como se fosse uma
marionete, por toda a minha vida fui controlada por alguém-sei-lá-quem que
disse que pra mim que era certo agir assim, e agradar as pessoas, me confortar
com o que eu não gosto e engolir tudo o que eu não aguentava mais não dizer.
Eu
queria só gritar a todo tempo pra me ouvir, desesperadamente, esperando que
alguém me ouvisse e gritasse com aquelas pessoas também. Não era possível me
mudar, e não seria. Elas apenas não entendem que eu estou aguentando tudo no
meu limite pra respeitar um pouco mais, até me dizerem que eu sou mandona
demais, que eu espero as coisas demais, que eu quero coisas de mais. E eu não
querendo quase nada e aguentando quase tudo, porque no fim, era sempre assim, e
eu sempre concordava em usar amarelo, em gostar de coisa tal. Eu era legal, mas
esse tempo tá acabando, e até mesmo a minha arvore preferida pode notar isso.
Que certas coisas não mudam, e o que tempo todo eu fico me enganando nessa
brincadeira de enganar as pessoas com o meu sorriso. E só sorrir pra quem não tem
motivo. E eu não teria mais motivos.
Nesse
abrigo em que encontro, fecho os olhos e escrevo pra ver se passa a vontade de
rasgar o que ver na frente. Mandar pra-aquele-lugar você sabe quem e parar de
agir assim. Só parar, como se também não houvesse tempo, não houvesse decisões,
não houvesse problema e como se o que eu gostava não afetasse ninguém. Nesse
abrigo em que me encontro, quero morrer purificada, tomar qualquer forma e
virar poema. Ir embora pra nunca mais voltar.
Bruna
Ferrari