quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Carta ao Desespero Alheio

“She’s just like the weather...”



    Meu amor, senti uma necessidade tão grande de te escrever que não consegui me conter. Estive este tempo pensando nas suas coisas, estive este tempo pensando nas bobagens que eu poderia ter te dito. Eu sinto muito. Sou um ser humano nascido para errar, este destino é tão certo que eu deixei de perguntar se alguma vez na minha vida eu acertei.
        “Amor” essa palavra está cansada. E me desculpa por usa-la tantas vezes em vão. Eu sei que o que sinto é transparente e não precisa de nome, mas eu me esforço em te mostrar. O mar de emoções no qual você está me envolvendo parece ser eterno e grande demais. Eu tenho medo. Estou me deixando levar pelas ondas do seu habitat natural, você acaba ficando mais que a vontade.
     Estou sendo seu, larguei a praia. Estou morando no mar, que quando adentro sua casa penso em ser até o cabide que segura suas roupas. Nada disso é meu. Todo, parte. Começo, meio e fim. Mas sei que morrei na praia, não importa qual seja o meu papel nas partes que existem. Isso é o incrível, porque quando estou no mar, quero voltar para praia e quando estou na praia, quero ir de volta para o mar. Eu sou como qualquer ser humano que quer o que não tem e se te quero tanto é porque não te tenho. Obrigado.
      “Amor” esse sentimento tão sentido que já perdeu toda a graça. Eu sinto muito por ser atirado em sua vida, pelos olhares ansiosos, por te querer o tempo todo, por tentar te dar a mão. Amor, desculpa por ser quem eu sou. Assim, descontrolado. Só você entrou na minha vida, acalmou meu coração no meio dessa confusão. Você é quem gosta de mim também. Você é quem deixou seu corpo inteiro mergulhar em mim.
        Meu amor, eu sinto muito por me apaixonar por você todos os dias que acordo, todas as vezes que você me liga, todas as vezes que eu me lembro do que passamos e construímos juntos. Eu sei que isso só piora a nossa distancia, que eu crio montanhas entre nossos caminhos... Eu sei, eu sei... Mas eu sou assim, eu dou trabalho e não consigo mudar isso. Todos os meus esforços são em vão.
       Estou sem coragem de admitir... Você é como o tempo, e também é regido pela lua. E agora que eu me joguei no mar, percebi que ele é sua casa. Mas o que eu quero, de verdade, é que minha casa seja sempre o seu coração. Desculpa.



Bruna Ferrari