terça-feira, 21 de junho de 2011

Verdade da Mentira

Porque o mundo é uma verdade bem dita. Ainda que bem escrita, que ainda vaga e não toma o lugar nos corações partidos, nos beijos perdidos, em nada. O que se respira nada mais é que mentira. O que se compra nada mais é que de mentira. E vira e torna e volta. É um ciclo sem vida, que vive a mercê dos perdidos. Fazendo-os bandidos. E ainda assim pensa que é pequena, que é curta e que não tem problema. Mas a mentira só sente, destrói e corroí. Não há base que neutralize este Acido. Não há remédio que cure essa ferida. E não há dor que se sinta maior e mais bonita. O que a verdade pode dizer? Que não é bem vinda, que causa feridas. Transformando a dor da mentira, na mentira de ter uma dor. Na mentira de ter tido uma vida, ainda que não suportada. A verdade é a solidão, e a mentira, a companhia. Como escolher? Como suportar o peso? Como? Como?. A verdade nunca é dita porque sempre se acredita que é mentira. E a própria mentira não dita, é a verdade. É a verdade que se ve nos olhos, mas não acalma que vem de manhã e passa. E volta, e torna e não se esconde.  A mentira é sempre o nada que se torna tudo, que vem com o grande conhecimento do mundo sobre isto, que é amor. Que é vida. Mentira. E nada. Sempre volta, e um ciclo e não tem mais jeito. Uma vez que o veneno se espalha não há mais nada o que fazer. Nada pra acalmar. Não se pode esperar passar. Vem a vida e bate e joga fora. E mostra e faz e nada. E volta. Pra tomar conta e dizer um pouco sobre a verdade das mentiras, sobre o consolo da solidão e leveza de estar sozinha.


Bruna Ferrari

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quase Dois

Éramos quase dois, e com ela três. Sempre se sentindo no direito de falar e que, na verdade, não tinha. E mesmo assim, nós deixávamos, porque ela sempre se sentia no direito de concertar as coisas. Se sentia no direito de concertar as coisas. Se sentia no direito de tomar espaço pra nos fazer sorrir. E fazia, porque sempre tinha espaço demais entre a gente. Éramos quase dois, e com ela três. Que a gente ficava sem jeito de perguntar mais fazia só abraçando demorado. Éramos quase dois, éramos três. Éramos os três mais que quadro. Saindo e se preocupando com o um que morava longe. Éramos os três mais que sonhos. Extravasávamos pela boca, sentíamos calafrios. Dois um pelo o outro e eu pelo quarto, pelo quinto e pelo sexto que pareciam ser sempre o primeiro. Mas éramos apenas quase três, com outros tantos restos perdidos. Ele pela penúltima, eu pelo ultimo e ela pelo primeiro. Sem jeito de entender, fazíamos perguntas de monte, sempre esperando a mão do outro. Que vinha e não demorava. Que era quente quando era frio. Mesmo quando eles não podiam se tocar e eu fazia. Como ela, eu também tomava mais espaço que devia. Assim, sentávamos no chão feito crianças que éramos. Quase sempre só sorriamos a toa, não precisávamos de piada alguma. Ele era quase criança quando estávamos todos juntos e nós quase adultas. Sem terminar o ensino médio, eu ainda continuava pensando nas provas testes quando eles já haviam vivido tudo isso. E mesmo assim, eu continuava me perdendo nos olhos dele e nos sorrisos dela. Éramos pra sempre quase dois.


Bruna Ferrari

quinta-feira, 9 de junho de 2011

História

Eu fiquei ali chorando, porque eu não sabia uma direção. Eu não tinha outra vez um caminho. Estava perdida. E você continuava ao meu lado esticando a mão e apalpando o chão me procurando. Até que o amanhecer caiu por cima de nós, e eu, que ainda continuava perdida, não consegui fazer mais nada. Não havendo outra escolha, porque você nunca foi de esperar o tempo passar, desistimos. Havia ainda espaço demais entre nós. Era mais um vez em que ficávamos longes, e aí, nós fizemos as malas, trocamos de cidade, procuramos pelos cantos algo do nosso amor que podia ter restado. Mas só havia espaço demais. Havia mais medo de estar sozinho do que medo do amor. E assim, de repente, muito mais que de repente, o que havia restado era muito mais. Mais abraços e mais sorrisos sinceros. Eram declarações de amor jogadas ao vento, expostas ao sol. E eramos outra vez um casal. Um do lado do outro. Sem mais pensar. Voce. Tentando outra vez apalpou o chão de novo procurando a minha mão.
Eu não desejei que o tempo parasse, eu não desejei que tivesse um futuro, mas eu te desejei pelos séculos dos séculos do meu lado. Pra sempre. Eu te abraçei pra não soltar nunca, mas o despertador do outro lado da minha cama me ensurdecia me lembrando da hora de acordar. Eram 5:30 da manhã. Era um sonho que não deixava de ser realidade, qualquer uma que fosse. Assim, eu nunca vou esquecer que a nossa história é sempre continua, ainda que com vírgulas, é feita de sonhos. Porque a nossa história é pra sempre nossa.

Bruna Ferrari