“Fecho os olhos e
escrevo,
como se o mundo
fosse acabar amanha
e eu não tivesse
mais escolha.
“É por isso que
nunca releio meus textos.”
(Bruna Ferrari)
De repente, eu tinha parado de perceber que a vida
passava mais rápido do que o comum. Era assim, que talvez, eu tivesse decidido
fazer as coisas diferentes. Acreditar mais, amar mais, querer mais, importar
mais, ter mais amigos, mais tempo, mais vida e sem vida nenhuma. Eu era um
abismo de qualidades que não me conhecia, as pessoas me paravam na rua para
perguntar o meu nome, mas eu já era familiar a elas. Eu era imensa e me tornei
tão pequena que as coisas andam me escapando pelos dedos. As oportunidades são
enormes e eu sinto que, simplesmente, não vou aguentar tudo. Não quero perder,
não quero mais a sensação de não ser o suficiente para mim e para os outros.
Assim, com certeza, eu teria mais alguns anos e
pensasse menos em viver agora o que é certeza que vou viver depois. Mas não
posso me controlar, não posso, de repente, parar de sentir a minha própria vida
e viver à beira de um suicídio. Quero voltar às horas desse dia, voltar o ano
se for possível apenas para fingir que sou forte o suficiente e que metades de
algumas coisas não aconteceram. Eu não perderia o ano, eu perderia meu nome, e
teria de volta a minha personalidade. Mas o que seria mesmo alguém sem um nome?
Bruna Ferrari