“Para todos aqueles
que me importo, e para todos aqueles que ainda gostam de mim. Aqui vai um
desabafo, e uma despedida, mas também um agradecimento por terem me feito
aguentar muito mais do que eu pensava que podia lidar.
A todos vocês, eu
devo parte da minha vida. Ou até mesmo, ela toda. Eu estarei com vocês sempre,
mas de outra forma, com outro jeito. E nunca duvidem da minha infinita misericórdia
e do meu companheirismo absurdo.
Com carinho, B.”
Parei. Eu simplesmente decidi que vou parar e parei. Seco
e com tudo o que me resta. Já errei muitas vezes, e é sempre a mesma desculpa.
Alguém quer ser feliz vai de bar em bar, volta por aí com as mesmas coisas na
mão de antes, um mundo. Diz que não dá, mas nunca dá. Pra mim, nada nunca dá.
Então eu decidi parar, e vou parar. Eu já parei.
Já soltaram da minha mão tantas vezes, porque não
sabiam lidar com aquilo. Numa manhã, tudo desabava, e depois tudo voltava ao
normal e eu continuava ao acaso, ali, do lado. Esperando a hora que ia chegar a
minha vez de ser feliz também, de algum jeito, no meio daquele desespero
repentino. Eu percebi que o problema era eu, ou que eu tirava traumas de um
jeito fácil, em que as pessoas procuravam outras e conseguiam lidar com tudo
que diziam pra mim jamais conseguir entender, compreender, ou viver. Sou
errada, e isso é um fato. Agora eu simplesmente aceitei, e vou fazer como o
resto dessa gente por aí. Vou caminhar devagar, olhando as vitrines e
tropeçando na calçada. Ninguém acredita que vai morrer amanhã pra viver a vida
intensamente.
Ninguém acredita em nada disso do que eu tenho pra oferecer,
e quando eu ofereço, é só o tempo de eu fechar os olhos, que já tem obstáculos,
eu já sou errada outra vez, que já está fugindo pelos cantos tentando não me
encontrar, que já não sabe como dizer que não quer. Mas tudo bem, esse é o meu
texto, e eu estou escrevendo para fazer como todo mundo faz: lamentar da minha
vida e de como todas as pessoas fogem de mim do mesmo jeito. “Intenso demais
pra ser”, “não é a hora certa”, “eu não estou pronto”, “não é você, sou eu” e
todas as outras mais desculpas que eu estou cansada de ouvir, mesmo de gente
que eu não me importo tanto assim, que confunde o que eu sinto, que não entende
o que eu digo, mas mete meu coração no meio, toca na minha ferida, tira a
casquinha e deixa sangrando. Isso é tudo o que eu sou, e o que fizeram de mim.
Sem sentido. Eu não faço sentido. E essa noite eu
simplesmente parei de ser. Vocês vão conhecer o que eu era antes, e vão desejar
fortemente que o que eu tenho agora volte, mas eu não vou voltar. Agora, eu vou
ser assim. VALENDO.
Bruna Ferrari