sábado, 24 de maio de 2014

15 dias

“And we know that it could be
And we know that it should
And you know that you feel it too
[…]
Back to the street, back to the place
Back to the room where it all began,
Back to the room where it all began…”



E agora? Eu perguntei a mim mesma. Quem é que iria me deixar marcas no pescoço? Quem é que iria me fazer sorrir apenas com um olhar? Quem é que de vez em quando ia cair nos meus abraços de tanta insegurança, e me dar mordidas nas costas das mãos? Quem é que ia perder o ritmo da respiração toda a vez que me beijasse? Quem é que teria aquele olhar para me deixar sem jeito com as coisas que eu sinto?
Onde ficariam as minhas mãos? No bolso, talvez. Onde ficaria o seu castanho tão-lindo? Na lousa, eu tinha certeza. E todas aquelas outras coisas que você me guardava pra dizer ainda estavam espalhadas por ai, porque você não aguentou e eu entendia tão bem. Você mal precisava dizer e eu já sabia... Você foi mais que heroica, eu poderia escrever um romance e ficar rica com a nossa história-de-nunca-acabou. Você foi linda, mais uma vez.
O seu batom não ia ficar mais na minha boca, o seu cheiro não ia ficar mais na minha blusa, no meu nariz, no meu quarto ou em todo o lugar que eu fosse. As suas mãos iam se perder por aí, você olharia baixo todas as vezes que me encontrasse pelos corredores, e nós andaríamos a solta como se nada tivesse acontecido – eu sabia fingir, você aguentava esconder. Eu não ia mais sorrir tirando os fios loiros de cabelo que ficavam na camisa. Você não iria mais agarrar no meu braço, sorrir pra mim, suspirar e apertar a minha mão forte, como se fosse muito mais do que éramos no momento – como se fossemos o que nós queríamos, de fato, ser. Eternas.
E agora? Eles me perguntavam. Eu ia cantar suas músicas, ensaiar os seus passos, esquecer aquela foto por alguns instantes e me lembrar do peso do seu corpo contra o meu, e de como as pessoas nos achavam lindas juntas. Vou dançar sozinha, cantar sozinha. Recomeçar outra vez, guardar a sua chance num potinho – porque as chances que eu te dei, todas elas, estão comigo conservadas no formol. Quem sabe eu não tentaria parar de escrever tanto sobre as coisas que eu gosto e começasse a me esforçar mais para fazer as resenhas... Ou talvez não, porque dessa vez, eu tinha largado todo mundo. Dessa vez, eu tinha começado com o pé direito. Nós estávamos sempre a mercê de um beijo acidental, não podíamos  ficar tão próximas e já era um perigo. O corpo pedia.
Nossa respiração combinava, eu ficava sem jeito de você perceber e você ficava sem jeito de eu perceber que você percebia. Você também mudava quando estava comigo... E essas eram as coisas que eu mais contava pra minha melhor amiga, ela adorava quando a gente se dava bem, porque ela é minha irmãzinha. Nem o nome dela eu posso mais chamar, de repente, eu sei que vou chamar você também. Volta tudo outra vez, eu me sinto um nada, e volto a chorar, desacreditando da vida e de mim. Dessa vez, eu não sabia por que eu chorava. Você não me magoava, você só me deixava. Então, eu vou ficar nessa como nos outros quatro anos que eu não sabia o que fazer. Eu vou respirar, e não desistir.

Eu sempre vou estar do seu lado pra quando você me quiser. 

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