Você me dizia milhões de mentiras como se pudesse
me enganar. Eu ria da sua cara por não me fazer mais de bobo. Eu não ia ouvir
mais as suas histórias de sempre ficar com um e depois ser trocado, não era a
minha obrigação, não era o que eu queria ouvir. Então eu te pus pra fora da
minha casa, e fechei a porta na sua cara, porque achei que assim você não
voltaria pra me atormentar com as mesmas histórias da semana passada. Mas você
era como um fantasma que ia e vinha, nunca deixava o seu lugar. E o seu lugar,
era a minha cama. O seu cheiro ainda não saia de lá e você não deixava aquele
canto que tinha no criado-mudo, iluminado pela pouca luz do abajur, o retrato
que tiramos quando fomos juntos pra Maranhão.
Tínhamos feito viagens, e muito mais que isso,
planos. Só que você voltava toda a vez que saia pra me contar uma nova história
de como precisava me deixar, e eu já sabia de cor e de longe todas as suas
histórias. A sua imaginação era muito pobre até pra mentir, você era péssimo no
que fazia. Ainda com todos os sinais insistiu em algo que não prestava. Então
eu te colocava de volta pro lado de fora, e batia a porta na sua cara. Voltava
pra qualquer lugar que não fosse a minha cama, cruzava os dedos esperando que
dessa vez você fosse mesmo. Ou que ao menos, me voltasse com uma história
diferente daquelas que eu já estava cansada de ouvir. No entanto, eu já não
sentia mais esperança alguma. Pequena que fosse. Pra acreditar que você
voltaria e me daria razão pra lutar não contra aquilo que eu estava sentindo, e
correr pro teu abraço onde sempre foi o meu lugar.
*pequeno trecho do meu primeiro livro "Fantasmas na Casa, 2010", postado apenas porque é engraçado ler coisas que já não te fazem nenhum sentido.
*pequeno trecho do meu primeiro livro "Fantasmas na Casa, 2010", postado apenas porque é engraçado ler coisas que já não te fazem nenhum sentido.