Por algum tempo eu não pude admitir que gostava mesmo
de você. Os outros me faziam perguntas que ninguém poderia responder. Talvez,
fosse certa questão de tempo até estar na minha cara que todas as coisas que eu
fazia, eu chorava o tempo todo porque a distancia era tanta. E eu não digo
distancia física, sabe do que eu tô falando? Não é assim tão simples, não dá
pra marcar em quilômetros. Era outra coisa que eu não podia falar, não podia
admitir, não podia conviver com a ideia de que sim... Estava pior do que eu
imaginava, e num patamar de me fazer tirar o sono. Pra pensar em você, na vida,
nos meus amigos, e no tamanho do que eu estava sentindo.
Uma vez você me disse as coisas que não perdoaria, e eu
as guardei escritas num pedaço de papel dentro do meu criado-mudo pra quando
acordasse de um pesadelo onde eu te perdesse, fosse de cara consultar a lista.
Não, eu não tenho medo. A minha consciência não me persegue porque eu não fiz
nada, mas eu sei e não me pergunte como que de alguma forma era nisso que ia
chegar. Alguém ia acabar te enfiando na cabeça que eu era diferente. Eu era. Só
com você. De um jeito tão absurdo que eu perdia o ar, principalmente agora que eu
não conseguia me sentir diferente em relação as minhas amigas. Eu já previa o
que estava acontecendo, já dava finais e aguentava a situação como se
importasse alguma coisa se eu fosse embora. Mas desse jeito, eu só me sinto
segura. Eu sei que posso segurar a sua mão e sentir que você vai estar lá pra
sempre e que quer estar. Eu quero muito que você esteja também.
Então talvez, eu me pergunte por que eu te peço socorro
demais. Hoje, eu já encontrei a resposta e isso não passa de um sentimento
idiota que eu nunca vou ser capaz de entender. Sinceramente? Nem você.
Bruna Ferrari