terça-feira, 26 de julho de 2011

O que não se perde por entre a noite

De repente,
eu abri os olhos
e a gente só estava
assim.
Juntos.
Grudados.
Com a sua respiração
no meu ouvido
que me deixava
assim,
Sem ar.
E me fazia te querer
todos os dias
e de novo
e de novo,
porque eu já estava louca
por você
e morrendo de vontade
de sentir o seu cheiro,
tocar o seu o seu corpo.
do seu lado,
toda essa gente
que me fazia vontade
e não te deixava mais perto
e que me fazia
vontade
o tempo todo.
Só, assim
do outro lado,
eu morria de vontade
de te ouvir respirando
colado no meu corpo
na calada da noite.
Voltei pra cama
com a porção de adjetivos
usados por ela na cabeça
e o seu corpo
dentro deles.
Mas eu só morria de vontade
de te ouvir respirando
no seu ritmo,
na minha cama
e do meu do meu lado
pela primeira vez. 

Bruna Ferrari

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pelas Avenidas Do Meu Quarto

Eu só me perdoarei algum dia se desistir tentando


Eu estive pensando esse tempo todo, como eu pude só te conhecer agora, porque não antes? Assim, há alguns meses atrás, quando eu não estava com tantas cicatrizes pelo corpo, com tanta coisa doendo dentro de mim. Seria mais divertido sem as cicatrizes, talvez eu pudesse ficar mais perto ou te trazer mais rápido pro meu lado, como se eu estivesse do outro lado da rua, de braços abertos esperando o seu abraço. Eu continuo aqui, olhando pro nada. Mordendo a própria boca. Pronta pra te dizer um milhão de palavras, mas louca pra poder não dizer nada e te olhar como se já fizesse sentido pra você. Eu ficar aqui, horas. E perder o sono.
Escrevia sempre que precisava, ouvia sempre que podia, e não abraçava como quando queria. Eu estive pensando mais em você, assim, de um jeito diferente. Talvez eu devesse parar de te escrever, talvez fosse mais fácil com outras coisas a mais pra fazer, com outras coisas na cabeça, com mais alguém pra dar dividir a minha atenção. Eu tive reconsiderando em mudar a minha vida. Em tirar as pessoas estragas e procurar me deixar certa por um instante. Tive dúvida quando me perguntaram se eu mudaria você, tive dúvida em te dizer se eu mesma mudaria. É que eu ainda olho a minha volta e meu quarto continua um lixo, não sei se tenho mais paciência pra olhar para os quadros tortos na parede, o porta-retratos caído do lado, como se alguma coisa tivesse acontecido. E era só eu. Contorcendo-me na cama e batendo nas coisas. Arranhando as paredes e rasgando fotos.  Porque eu não parava de te querer, eu não parava de te imaginar. A minha cama devia estar bagunçada por sua causa. A minha cama já devia estar com o seu cheiro. E você já devia estar preso nas minhas noites. Bem perto e me fazendo companhia. As suas roupas no meu armário e você prefere vestir a sua armadura, que não me engana e me deixa mais ansiosa. Me deixa mais com vontade. É, você nem sempre foi assim, mas nos últimos anos isso tem sido tão útil. Você deveria parar de pensar nisso. Ninguém vai conseguir te alcançar assim. Por isso, eu volto a considerar que talvez eu devesse mesmo parar de escrever. Talvez eu devesse mesmo parar de ser assim, pra começar a ser um pouco mais certa e muito menos sem sentido.
Enquanto você não gostar de mim, eu vou continuar do meu jeito. Eu vou gritar pelas avenidas o seu nome. Eu vou correr fazendo escândalo. Eu vou parar a cidade. Eu vou berrar pra você me ver. Eu vou arrancar as suas roupas e invadir o seu corpo, você já não vai precisar mais de roupas pra se proteger do frio. Enquanto eu estiver na sua vida, eu vou estar com você. Enquanto eu estiver com você, nada pode te machucar.




Bruna Ferrari