Eu queria que a vida parasse mais dois segundos, porque
eu ainda tinha os dedos na minha pele e pelo resto do corpo. As mãos geladas,
os dedos frios, o corpo quente de todas as manhas de quadro blusas, de todas as
tardes sem nenhuma, de todos os jeitos por entre os meus braços. Eu te queria
assim, um pouco mais de perto e mais intenso, um pouco mais meu e menos deles.
Todas as noites eu voltava para o começo da história e cheirava o meu uniforme
ainda com o seu cheiro, mordia meus pulsos e procurava os seus dedos dentro da
minha camisa, mas eu não encontrava nada; eu não encontraria. Você já estava do
outro lado da cidade, e eu aqui querendo um pouco mais de você. Só que eu sentia mais medo de você do que eu
sentia do frio, ou do escuro. Então eu me encolhia em um canto e esperava você
olhar para mim e sorrir como se fosse um sinal para eu chegar mais perto. Um
aviso prévio que você estava precisando de mim, de que não havia ninguém olhando
e de que eu podia te abraçar. Um dia desses, eu senti mais frio o que normal,
eu não conseguia entender o jeito que você se afastava de mim, eu não entendi
porque estava tão frio e tão escuro. Você não olhava pra mim, você não me dava
o sinal que eu esperava. Eu esperei até o dia amanhecer, e ele amanheceu como
das outras vezes, mas dessa vez, você era mais deles e menos meu.
Bruna
Ferrari
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