A única coisa que eu tinha certeza
era que eu gostava dela pelo o que ela era. Até mesmo os defeitos, o que fazia
o meu amor ser maior do que os demais namorados que ela poderia ter, ou que já
teve. Não, eu não sou ninguém especial o suficiente pra dizer que estar comigo
vai fazer alguma diferença, porque não vai. Foi a ser realista que eu aprendi
durante todo o nosso tempo juntos. Nós discutimos de monte, e não posso dizer
que era de todo ruim. Era necessário, é tudo o que posso dizer. Isso me
mantinha um pouco mais ligada em nós, de fato, a sensação de não estar
namorando uma parede – desta vez – me agradava mais do que pensar nos problemas
que poderiam surgir depois de uma não tão agradável discussão. Ela era
orgulhosa ao extremo, mesmo quando eu estava certa, esperava as minhas ligações
pedindo desculpas e depois das minhas se redimia com as suas e milhares de
perdoes sinceros. Eu sentia orgasmos múltiplos, e me jogava num prazer novo que
me enchia o peito de outra coisa. Talvez porque fosse diferente dessa vez, era
mais que amor. Um amor que o mundo ainda estava por conhecer, mas que vinha
crescendo... Ela não me ligava, era racional e realista, às vezes, um pouco
cruel. Mas ela não me ligava pra me fazer me sentir melhor, e não ligaria.
Agora eu vejo, e agradeço pelas noites que passei na angustia desesperada de
saber se estaria bem ou não, porque sinto que me fiz, mas independente nas
coisas que realmente quero. Muito mais seletiva. E essa sensação, é melhor do
sentir todo o universo de lindas emoções alheias pelo corpo, é melhor até
mesmo, do que estar amando.
Bruna Ferrari
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