quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tão Azul

Eu nunca tinha visto um céu tão azul como aquele. Eu nunca tinha visto uma cidade tão bonita aquela. Eu nunca tinha visto pessoas como aquelas, que sorriam assim, meio que sem querer e sem jeito, pelo canto da boca e falavam da vida. Falavam de si mesma com tanto orgulho que eu senti inveja de não sentir o mesmo. Eu não sentia nem metade fora daquele espaço. Era tudo tão pequeno e tão bem planejado que eu achei lindo. Os prédios, as arvores, e até o céu, que lá, era mais azul que daqui. Desejei correr por todas as ruas, abraçar toda a gente e gritar o quão feliz eu seria. Vi meu futuro passar diante de mim refletido no óculos de uma fulana que me fala de si mesma, falava do meu curso, fala das coisas que eu podia, que eu deveria, que valeriam a pena e que eu amava. Eu também a amava. Ela mesma nem se quer sabia o meu nome, mas eu não acredito que isso importava de fato. Todo aquele ar que enchia o meu pulmão de orgulho, me deixava cada vez mais eufórica. Como se eu não tivesse pra quem voltar e pra onde voltar, como se eu não tivesse que esperar anos pra ter aquele orgulho bobo que aquele povo tinha. Como se eu sentasse pra esperar os anos passarem apenas, por que eu já estava presa ali. Era o meu lugar. Era o meu mundo. Era parte de mim sem eu saber, de repente, eu estava perdida. Sem ar na multidão. Observei os detalhes, esbarrei em mais gente e não quis ver mais nada pra voltar pra casa logo. Pra estudar até o tempo passar de pressa, para então eu poder voltar pra lá. E lá ficar. Como se eu não sentisse falta do que me ficaria em outra cidade, como se eu não tivesse mais o que me fazer querer voltar. Eu voltei pra esperar o tempo passar pra voltar pra lá logo. De pressa. Eu já não estava aguentando aquele orgulho bobo que me dava inveja, que me fazia querer, que me prendia. Aquela ideia besta de repente se tornar grande, adulto e capaz. Aquela ideia besta de alguma coisa mudaria. Mas só voltei, e ainda tá demorando demais pro tempo passar. Eu nunca soube como contar as horas. É sempre uma eternidade, e eu espero ansiosamente do outro lado da cidade pela minha vez de ver de amanhã aquele céu tão azul, daquele lugar tão bonito e sorrir, com o orgulho bobo guardado num canto do coração, pra dizer que agora é a minha vez e aquele é, e será, pra sempre, o meu lugar.

Bruna Ferrari

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