domingo, 5 de julho de 2015

Direções

Meus dedos congelam, mas preciso colocar no papel antes que me fuja da cabeça esta ideia nenhuma.
Há certo tempo que nada sai do meu corpo, eu me sinto tão fria quanto a chuva que cai lá fora, e despenco em queda livre numa velocidade ainda maior. Meu joelho continua doendo, acredito que por frio, depois daquele vez que eu esbarrei em umas duas ou três pessoas, ele nunca mais foi o mesmo. Acho que foi um convite pra voltar a primeira vez.
É uma coisa bizarra essa problemática de viver, parece que todas as pessoas que estão por perto não gostam do que vivem. Elas querem mudar e não sabem como. Uma pena que tenham encontrado alguém como eu e pedir alguma direção. Sou péssima com mapas e com sentimentos. Tão ruim que me sinto até culpada.
Eu pensava que a vida era simples, que todas as nossas relações se resumiam em amor e sexo, e quando poderia ser os dois, ou nenhum dos dois se chamava de amizade. Eu estava enganada. Tenho lido bastante sobre as relações humanas, tenho observado bastante as pessoas e pensado muito sobre as coisas que escuto e leio. Quanto mais eu aprendo sobre a vida, mais descontente eu fico. Até me pego lendo Fernando Pessoa e ficando ainda mais depressiva.
Sinceramente, eu não sei porquê as pessoas tem dessa de importar tanto com nomes e classificações. Ninguém se importa afinal. Ninguém se importa com o que você comeu no dia anterior pra se classificar uma pessoa saudável. Acho que as pessoas não tem tem interesse. Elas só se esforçam pra tirar uma lasca de cada um em alguma conversa, e poder adicionar uma vivencia a sua só pra não machucar. Isso explica aquela hora que seu amigo te diz "cara, eu te entendo", por mais que você tenha absoluta certeza de que sua situação é unica.
E se soubéssemos o quanto doí viver, ninguém ia querer nascer. Nos empurraríamos pra dentro do útero da mamãe com uma força monumental. A parte boa é que não contamos as cicatrizes que ganhamos por ai, não nos perturbamos com a insonia pensando que poderia ser algo mal resolvido, mas sim falta de exercício e de um bom sexo.
Pode ser que este seja o verdadeiro sentido da vida. Tirar a roupa na cama de alguém, a tal ponto de deixar todas as suas cicatrizes expostas e talvez, esbarrar com alguém tão difícil de tirar a roupa, com péssima cicatrização, como eu, pra cuidar das marcas a mais. Acrescentar algo, sei lá. Transar como se fosse divertido e significante. Como se fizesse parte, e como se a aquela história em aberto, daquele amor que ficou pra trás já tivesse resolvido.
Eu queria poder dar esta direção aos meus amigos. Queria que eles pudessem ficar tão bêbados até acreditar que não existe Deus. Queria poder dizer pra eles fazerem como eu, deitar na cama de alguém e não tirar a roupa, e se tirar, não ser honesto. Não se divertir. Não se esforçar pra sentir o mesmo, porque no fundo, isso não muda nada.
O despertador toca pela manhã.


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