”Well I'm here to tell you
now each and every mother's son
Deveria ter começado esse texto com “Era uma vez”,
assim no final, ia parecer um conto de fadas. Pais poderiam ler pros seus
filhos. Poderia ter um final feliz, ou talvez eu chamasse ainda mais atenção
porque a minha história não teria um final feliz. Tudo bem, eu já comecei a
escrever do jeito errado, vamos terminar do jeito errado também.
Eu já sabia que algumas coisas poderiam não fazer
sentido, que em algum lugar de mim mesma tudo o que eu fazia era um esforço
enorme pra não gostar tanto de você. E nessas, eu fazia o que eu não podia, eu
largava a mão de muita gente. Dois espaços, um canto, qualquer coisa que
preenchesse por completo essa vontade e essa raiva também. Sim, raiva, daquelas
que a gente se odeia por gostar, se odeia por querer, se odeia por se esforçar
por completo por dois minutos, dois abraços, um domingo, uma tarde, o quer que
seja. Isso no fundo é muito bom, dá tempo, dá gosto, dá mais vontade. Tanta vontade
que não pode ter.
Era assim, e nem tinha “era uma vez” na nossa história.
Continua não tendo, e também continuo sem entender a sua paciência, a sua serenidade
ou o jeito que você me escondia as coisas. Seu olhar parecia misterioso. As
mãos, a disposição do rosto, o jeito de andar, tudo estava misterioso como se
não nos conhecêssemos. E olha, você sabia dos meus segredos todos, mas eu tinha
que te desvendar. Pra você, eu não tenho aquela cara de psicóloga que todo
mundo pensa que eu tenho, meu sexto sentido não funciona com você. Ele falha, e
isso só me deixa com mais raiva. Eu sinto vontade de te morder, arrancar um
pedaço, levar pra casa, colocar num potinho pra eu poder fingir que você continuaria
aqui quando eu acordasse.
Penso que eu deveria sumir da sua vida e da vida de
todos a minha volta, eu não sei se eu adiciono tanta coisa assim como você fala.
Eu sei que eu quero que você goste de mim demais também, mas não tem jeito. Você
sabe. Você sabe de todas as coisas que me fazem ser quem eu sou, e eu fico
apalpando algo pra me segurar e não me entregar, tão mais profundamente do que
eu tinha feito da ultima vez.
Eu fico me metendo no meio de tanta gente, e olha ai o
que acontece: eu levo pra casa todos os dramas, porque eu faço todas as simples
situações serem coisas que podem acontecer com você. Coisas que poderiam ser
suas. Eu entendo. É meu erro, é minha culpa, por hora, eu estou esta merda. Esse
era o motivo pelo qual eu gostaria do “era uma vez” no começo, acho que ia dar
um ar encantador. No mínimo, iria ser poético. Nada mais.
Bruna Ferrari
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