sábado, 2 de maio de 2015

Meu Texto Ruim

Acordei, de novo. E sei lá quantos mais textos vão começar com essa mesma situação. Há alguns minutos atras, eu sabia exatamente o que diria aqui. Agora, já não sei mais. Pode ser que a construção de algo seja por muitas vezes assim, você tenta preparar previamente, mas o rascunho logo é esquecido por coisas novas e totalmente fora do contexto, como eu li num livro.
Eu não sei bem o porquê de estar escrevendo. Não sei o porque de não conseguir dormir também. Toda vez que deito na cama, essa inquietação de repente me sobe e nada sobra. Chego a sentir seu corpo sobre o meu, e nós dois suados pela cama, pode ser que seja tesão. Parece até errado estar sentado uma hora dessas, parece errado dormir sozinho, e não acordar do seu lado. É fato de que tudo isso me causa um desespero enorme, mas eu ainda não sei se este é o motivo de estar escrevendo.
Pode ser que seja só um desabafo, uma outra maneira de pôr pra fora o que estava faltando antes de chorar tanto. Deixei explodir, como consigo conter mais a boca do que os olhos, essas merdas acabam acontecendo.Minha consolação é não estar sozinho, penso nos tantos outros que estão na mesma situação que eu. Anônimos, sem dormir, chorando sem motivo algum e metendo o nome de alguém no meio. Acho que se essas pessoas montassem uma rede social pra se ajudar, daria bastante certo. Mais certo que o facebook, alias. Depois penso de novo, e acho que daria mais merda e mais conflito.
Odeio essa minha ambiguidade, e eu sei que você deve estar se perguntando como eu fui meter essa palavra neste contexto se nada do que eu disse até agora aparenta ter sentido. Sei lá... Eu quis. Algumas coisas na vida são assim, lide com isso. Estou cansada de pensar pra dizer, pra escrever então nem se fala. Preciso deixar as coisas fluírem, tá difícil. Tem um terremoto passando pela minha vida, colocando a prova tudo o que eu achei que era firme. Não sei no que segurar de verdade.
Nessas horas é que eu meto a culpa em você. Grito com você mentalmente enquanto me magoa. Eu sei que se for desenvolver o assunto eu provavelmente vou acabar concordando, porque você me leva fácil e você sabe por onde quer me levar. Mas a vida é assim, e eu preciso aprender a lidar com isso. Tem coisas que são como são, como aquelas explicações fonéticas que os professores de inglês tinham preguiça de me dar e diziam: Deus quis assim.
Será que Deus quis a gente assim também? Não. Provavelmente não. Nós nem acreditamos muito nele. A gente é tudo o que Deus não queria pra humanidade. Somos desafiadores da tradição, ratos de laboratório da modernidade. Somos roedores, aproveitadores, geneticamente modificados pra saber lidar com gente diferente, simpática, fundamentalista, otária, machista, feminista, burra. Enfim, e muitas outras gentes que eu tenho preguiça de colocar todos os adjetivos. E muitas outras coisas que eu tenho preguiça de colocar aqui.
Minha vida se resume a isto, ter a paciência colocada em prova a todo momento, alguns beijos seus de mês em mês, e textos ruins. Meus textos ruins.


Bruna Ferrari

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