quinta-feira, 26 de março de 2015

Cem Motivos

"No map, no message.
It's the deep, blue screen I know."




Tinha acordado sem saber o que fazer da vida. Tanto pra dali dois dias ou pra dali dois meses. Minha garganta continua rouca sem motivo, acordava seca todos os dias. Seca, como eu nas ultimas semanas. Na cabeçeira da minha cama tinha a história inacabada, sem inspiração nenhuma e sem forças pra levantar da cama. Eu continuava estatica, de longe, esperando o momento certo pra saltar - da cama, ou do trem, sei lá.
Pode ser que aquilo me matasse um pouco, um pouco mais do que os meus poucos seis anos pela frente. Levantar da cama parecia difícil, o dia parecia nunca estar claro quando você não estava por perto; agora que nossas rotinas não se cruzavam mais, eu tinha mais medo. De você esquecer meu nome, meu numero, minha coisas, quem sou, por fim. E de te ligar, te perguntar se eu poderia ir de ver - onde quer que fosse - seria só me dizer o lugar e pronto. Em algumas horas eu faria o esforço de varias viagens pra te ver.
As coisas agora estão diferentes, eu não tenho hora pra voltar e você não tem hora pra me encontrar. A gente não tem tempo pra deitar na grama, a gente não sabe quanto tempo essa coisa toda pode durar. É um saco pra quem é ansiosa como eu, mantenho minhas unhas curtas pra ajudar, mas não consigo evitar. Como carne, mastigando forte, como se pudesse morder e engolir a seco quem fez isso com a gente. Quem deu esse tempo ilimitado que não era o que eu passava sentada, lendo, te esperando. Não era o espaço de uma semana, ou um dia reservado, não era nada. Era assustador.



Bruna Ferrari

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