quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Happy “B.” Day


“JULIETA - Não você, mas apenas seu nome é meu inimigo. Você continuaria sendo o que é, se acaso não fosse Montéquio.O que é um Montéquio? Não é mão, nem pé, nem braço, ou rosto, nem parte alguma do corpo de um homem: seja outro nome! O que há num simples nome? O que chamamos rosa não cheiraria igualmente doce em outro nome? Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservaria a queria perfeição que é dele, sem o título. Romeu, jogue fora o seu Montéquio, que não é parte de você mesmo, e fique comigo, inteira!” (Romeu e Julieta. Adaptado. Shakespeare, William)

Esse dia que era assim, alguma coisa que não podia aguentar, agora ficava travado na minha goela e me impedia de respirar. Não que eu não conseguia, só parecia errado toda aquela situação, toda a aquela dificuldade hipotética que a gente tinha no caminho como se metade de toda a nossa felicidade dependesse unicamente disso. Era fato que não, ou talvez fosse e só eu soubesse que não podia ser. Tinha que mudar, tinha que ser feito alguma coisa que eu não sabia bem o que era. Você gritando o tempo todo, e eu gritando de volta. E gritos do lado de fora e de dentro da sua casa, por todos os lados – o ambiente era um inferno e você não me tinha p’ra fugir. Eu também não tinha você. Eu nunca iria ter. De alguma forma, você ficou preso nos próprios erros e agora me engolia também, eu só acompanhava o balanço do barco, nessa de ir me afogando em ser quem eu não era, em sorrir p’ra gente que eu odiava e desprezava, em fazer o que eu não amava. Mas na duvida, eu continuava com você. Pode ser que depois dessa semana, as coisas ficassem melhores, e é uma pena, eu realmente não tenho nem forças, nem folego p’ra acreditar de novo em tudo isso.
Parecia que eram os mesmos erros e os mesmos problemas, as mesmas pessoas e as mesmas situações. Só que dessa vez era só um pouco mais triste por causa da ocasião, do aniversário, do tempo e da minha vida. Acho que do ano, porque era ultimo na escola e a gente nunca sabia quando ia acontecer outra vez. Tudo era a ultima vez, eu sentia. Você não. Você mantinha essa de aguentar o que não precisava por tanto tempo na sua vida, hoje era só mais um daqueles dias em que você saia com a sua família, aturava seu pai, amava menos, aguentava mais, e fazia demais p’ra continuar tudo aquilo que eu até parecia atrapalhar. Eu sempre fui carente demais, sozinha demais, dei trabalho demais, esperei demais das pessoas. Eu... Só não esperava menos de você do que isso. Mas tudo caiu sobre um abismo, todas as coisas que nós tínhamos construídos juntos pareciam nada e ficou aqui na minha garganta o que eu tinha p’ra te dizer. Isso estava me sufocando. Você só precisava ficar um pouco mais sozinho, um pouco mais de liberdade, porque eu sei que você sabe que você também gosta. Liberdade. Freedom. Liberté. Freiheit. Libertà. Ελευθερία. Saoirse. Frelsi. Свобода. Libertad. Vapaus. 자유. frihet. 自由. Vrijheid.
Sei lá que língua teu coração fala, mas só escuta, isso tá acabando com muita coisa em você, em mim, na sua vida, na minha vida, e com o nosso – talvez – futuro juntos. Eu não quero pedir, mas eu não quero continuar nessa de estar tudo bem, e dar escândalos errados, na hora errada, no dia errado, do jeito errado, de aguentar coisas que eu sei que eu não consigo. Eu quero de volta o que eu tinha antes, quero você fazendo ser diferente como foi das outras vezes. Porque esse foi só o mesmo erro que todos os outros cometeram, e eu não sei o que é parar de pedir muito.
Bruna Ferrari

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