segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Quero

"Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim."
(Carlos Drummond de Andrade)


Assim, eu só me sentia mais longe. Olhando sempre pra você fora daquela história que também deveria estar na sua vida, lembrando de meia em meia hora do que acabara de acontecer. Então me afastei pra chegar em algum lugar que fizesse sentido não te ter. Algum lugar em que eu pudesse estar perto de ter aquela história contada tantas vezes em contos fadas; algo pra me dizer que era mais completo. Mas o que me completava era a sua companhia, porque eu ainda me lembro do dia em que eu peguei pela primeira vez na sua mão. Eu ainda me lembro dos seus olhos, do seu rosto,  e do seu toque. Mesmo, sem saber o que fazer naquela situação. Mesmo, com toda aquela gente olhando. Mesmo, sabendo que você nem me conhecia e que não era a mim que você jogava o olhar furtivo para as pessoas procurando. Eu tive vontade de gritar pra multidão lá em baixo que tinha encontrado alguém certo pra mim e que dessa vez, eu seria feliz. Eu sorri absurdos porque não havia mais o que fazer, não havia mais o que dizer. Não havia mais nada que coubesse naquele espaço de tempo, nem naquele pequeno trajeto da sua mão para a minha. Não cabia mais nada. Éramos grandes demais e com demasiadas confusões na cabeça. Então, foi que em uma noite, eu decidi partir. Tirar da boca o seu nome, arrancar do meu caderno as suas poesias, e esvaziar a mente de suas palavras. Eu decidi que só iria embora, porque eu já tinha me decidido o que seria. Cansada demais daquelas mesmas histórias que não param de me perturbar, e de sempre dizer o que fazer. Cansada demais pra tentar ir mais pra perto e me perder. Cansada demais. Porque o caminho era longo, e eu não sabia como fazer pra não me lembrar da distancia pequena que tinha, naquele dia, a sua mão na minha. Mas, mais uma vez, eu vou embora, e vou deixar alguém esperando. Sempre com aquela sensação de história inacabada, sempre com um fim no inicio do meio, ou um meio no inicio do fim. Pra no final, ir pra cama com as mesmas palavras pra dizer, a cada inicio de meio segundo sempre pronta: “Cala boca, e fica comigo”. E indo embora, como nos tempos de outrora, como nas falsas histórias. Assim, só fazia da verídica um pouco mais fraca, um pouco mais desimportante. A própria história interessava pouco no caminho daquela distancia, e por entre os beijos ainda não dados. Interessava pouco, de pouco do que tinha restado e de tanto tentar ter muito. Eu só decidi partir, mas pra sempre verei em outros olhos os seus. Em outros toques o seu. Em outra pessoa, você. Ainda que nos meus sonhos te reste em pedaços do que eu vi naquele dia. Ainda que me esqueça. Eu me lembrarei de você. Em mim, por ti, em outras pessoas.

Bruna Ferrari

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