quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desperta

"Amo-te pelo que és, pequena e doce
Pela infinita inércia que me trouxe
A culpa é de te amar - soubesse eu ver
Através da tua carne defendida
Que sou triste demais para esta vida
E que és pura demais para sofrer." 

(Vinicius de Moraes)


  Eu senti aquela brisa no meu rosto porque não te via em lugar nenhum. Ninguém do meu lado. Na minha cabeça só o seu nome e a sua porção de amigos que já conseguiram esquecer o meu. Nome, rosto, existência e qualquer outra coisa que tive de um para ter do resto, mesmo assim, não mudava nada. Não mudava a situação, não mudava o seu nome, não apagava o seu brilho. Eu me lembro da primeira vez em que vi naqueles olhos, de longe, um brilho diferente. Encantador e do outro lado da cidade iluminando o resto do mundo. Eu senti raiva daqueles que tentaram em outros tempos apagar o seu brilho, o brilho de uns olhos tão mais bonitos assim. Eu senti raiva daqueles que arrancaram em outros tempos, lágrimas de desespero daqueles olhos tão mais bonitos assim. Eu senti raiva daqueles que usaram e abusaram do brilho que eu não tive nada.
  Era de repente que, de madrugada, aquele brilho vinha pra mim. Eu despertava durante a noite de um pesadelo terrível com os dois tais fulanos que eu amei, e que você já conhecia de cor – o jeito, o nome, e a cor dos olhos. Eu despertava de repente, desesperado e morrendo de vontade de sair correndo atrás daquele par de olhos tão bonitos, e me encontrar perdido no castanho. Infinito e Doce. Eu despertava morrendo de medo, mas de alguma forma brilho dos seus olhos me acalmava mais que a voz da minha pequena irmãzinha, que já estava na minha vida por algum tempo, e era mais próxima dele, com os problemas mais familiarizada, e com o meu, como você disse, “dramaqueen” mais acostumada. Assim, eu só me sentia exagerado e perdido, meio querendo te dizer e acabar por dizendo nada, porque eu não sabia como e como eu queria tanto o brilho dos seus olhos um pouco mais perto de mim.

*eu escrevi a caneta porque sabia que não iria errar

Bruna Ferrari

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