“Quero ser amado por e em tua
palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta”
nem sei de outra maneira a não ser esta”
(Carlos Drummond de Andrade)
Era um mundo sem flores, sem amores. Era um mundo sem
cor. Era um mundo sujismundo, sem vida, sem primaveras. Era um mundo sem
sentido, aquele em que eu vivia há quatro meses. Naquele mundo que eu não entendia
e de repente deixei para trás, num pedaço qualquer de lugar quando eu encontrei
você, e o meu mundo passou a ser diferente; outro. O meu mundo foi mais mundo,
foi mais meu e seu. Agora, só fazia sentido todas aquelas profecias que me
diziam quando eu chorava por ser tão sozinha e não entender o que a solidão me
fazia. Agora, era o meu mundo reconstruindo os pedados nos seus olhares,
deixando marcas pelo seu ombro porque o meu mundo e eu não sabíamos mais nos
controlar.
Eu deixava de lado alguns outros poemas, parava de ler
poesias pra me afogar no travesseiro e ter uma noite. E ter, finalmente, uma
noite; já que faziam tantas noites que eu não parava de ver o amanhecer no céu
e contar as horas para outra noite chegar de pressa. Tantos dias, e eu me senti
perdida. Perdida no meu mundo, sem primavera, sem flores, sem amores. E então você
veio, e o meu mundo inquieto passou a ser outro. Uma guerra de beijos e
abraços, duas mordidas no seu pescoço e tantas outras no seu braço que agora é
o que me fazem ficar acordada por mais algumas horas. Eu desejo não mais as
noites, nem manhãs; eu desejo mais algumas tardes eternas, dobrar a duração das
horas do seu lado e poder te dar toda a minha coleção de amores para você não
me deixar no meio do caminho ou aonde quer que seja.
Bruna Ferrari
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